terça-feira, 4 de maio de 2010

Resenha do Filme "O nome da Rosa"

O nome da Rosa é um romance de autoria de Umberto Eco, dirigido por Jean-Jacques Annaud, lançado em 1986, que conta uma história no século XIV num mosteiro Beneditino, onde um monge Franciscano (Sean Conery) foi designado a investigar os crimes que estavam ocorrendo no local, cujas vítimas eram encontradas mortas, com a língua e a ponta dos dedos roxos. O monge Franciscano e Renascentista desvenda o mistério das mortes usando a ciência e, consequentemente, a razão.

  Havia um livro de autoria de Aristóteles, que estava com as páginas envenenadas e era abolido pela doutrina cristã, pois a Igreja Católica Antiga considerava a comédia como uma afronta a Deus e o livro enaltecia o riso. Dessa forma, quem o lia morria envenenado para não informar o seu conteúdo. O filme retrata a biblioteca como um lugar secreto, repleto de armadilhas, onde o conhecimento nela presente não era passado para qualquer um.
 
A Igreja não aceitava que pessoas comuns tivessem acesso aos seus dogmas a fim de evitar questionamentos e manifestações contrárias. Com isso intalou-se a inquisição para punir quem praticasse algo que fugisse às regras de conduta à Igreja Católica.

O longa-metragem remonta o contexto histórico do período teocêntrico, uma época de verdadeira treva para produção científica visto que a igreja monopolizava o saber, restringindo-o como forma de manter seu poder sobre a população. Os dogmas cristãos eram considerados irrefutáveis uma vez que eles derivavam de Deus. Sendo assim, a Igreja Católica ,como representante terrestre da vontade divina, também não deveria ser alvo de críticas.

 As produções artísticas e filosóficas da época também refletiam exclusivamente os assuntos de interesse da instituição religiosa. É o caso, por exemplo, de São Tomás de Aquino que buscava em Aristóteles inspiração para explicar a distinção entre a essência humana, inserindo, dessa forma, a ciência e a filosofia Aristotélica no Cristianismo, de modo a tornar o saber cristão racionalmente indubitável.
 
A Igreja era, a esta época, detentora de um grande poder espiritual, intelectual e material e, por meio de sua força política, pretendia doutrinar os comportamentos da sociedade, extinguindo os costumes considerados pagãos.
 
O título da obra cinematográfica refere-se a uma figura feminina, uma vilã, cujo nome não é revelado e por meio da qual o filme explicita o luxo e a corrupção do alto clero. Esta recebe o nome de Rosa, em alusão à flor homônima que ganha como presente, e, em troca de comida, presta serviço sexual aos clérigos, expondo, dessa forma, a hipocrisia da instituição religiosa que descumpria a determinação do celibato, contrariando, assim, os próprios princípios.

 O filme tem um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução de um mistério a partir de um novo método de investigação. Guilherme de Bascerville, o monge e filósofo Franciscano que investigava, examinava, interrogava, duvidava e questionava, com seu método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso fosse pago um alto preço.

 De caráter complexo, O Nome da Rosa retrata com maestria a "castração" intelectual imposta pelo clero durante o período  medieval e é, certamente, um bom objeto de estudo para todos os que pretendem entender os aspectos sociais e psicológicos dessa época tão obscura para a produção científica.

2 comentários:

  1. Nossa de todos os posts anteriores esse foi o que mais me agradou,espero que eu continue sendo surpreendida assim ok? beijos galera

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  2. Obrigada pela apreciação, Bárbara!

    Att,

    Psicoemfoco

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