sábado, 8 de maio de 2010

Resenha: Nós que aqui estamos por vós esperamos

Nós que aqui estamos por vós esperamos

  "Nós que aqui estamos por vós esperamos" é um documentário brasileiro de 1998, dirigido por Marcelo Masagão, roteiro de Eduardo Valadares, que tem como tema central a discussão a respeito da banalização da morte e, consequentemente, da vida. Sem locutor ou depoimentos orais dos personagens envolvidos, o documentário exibe trechos de filmes antigos, fotos e reportagens de TV, apresentados ao som de Wim Mertens, intercalados com efeitos sonoros e "silêncios eloquentes".
  De maneira poética, o filme faz uma retrospectiva dos principais acontecimentos que marcaram o século XX, retratando feitos de personalidades históricas e de cidadãos comuns que, de alguma forma, deixaram sua marca no século passado. Percebe-se a tentativa de se estabelecer uma relação horizontal referente a importância histórica dos personagens envolvidos. Dessa forma, tanto celebridades reconhecidas como anônimos recebem igual projeção no filme.
  O filme traz consigo uma forte tendência antropocêntrica, visto que utiliza uma abordagem do universo caracterizada pela centralização da figura humana. O homem é, dessa forma, retratado como um ator social, responsável pelas alegrias e tristezas do seu tempo. Sendo assim, a montagem biográfica explicita cenas de guerras, revoluções sociais, avanços tecnológicos e científicos, mudanças na comunicação, independência das mulheres, sem deixar de lado as expressões humanas de dor, sofrimento, alegria e desespero diante destes fatos.
  A obra apresenta, ainda, a longa jornada feminina em busca da sua emancipação, através de figuras como Gabriele "Coco" Chanel, Sandra Michel e Margareth Sanger. Partindo do cenário da I Grande Guerra, quando começam a assumir papeis fora do lar, passando por outras representantes do gênero que transgrediram as opressoras regras vigentes, clamando por igualdade, o filme compara a realidade da mulher ontem e hoje, focando-se na sua luta constante pela consolidação dos seus direitos como cidadã e na batalha cotidiana para cumprir as tarefas de mãe, mulher, profissional, esposa, etc.
  Premiado no Festival de Gramado, em 1999, pela montagem e no Festival  de Recife como melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem, o referido documentário proporciona uma reflexão profunda acerca da conduta humana, reforçando a importância de cada ser humano para a construção da história da humanidade. O filme é encerrado com a imagem do letreiro de cemitério, onde se lê: "Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos". Esta frase, singela e profunda, deixa claro o destino inerente a todos nós, e, em conjunto com as outras imagens, lembra que mesmo após a morte, as ações praticadas no presente pela humanidade continuarão influenciando, para o bem ou para o mal, as gerações futuras.

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